As melhores capas de 2022
Seleção de melhores capas do ano pelos designers do jornal literário Pernambuco
A convite do jornal literário Pernambuco, escolhi minhas 5 capas de livros favoritas de 2021. Para ver a lista completa, com as indicações dos outros designers acesse http://www.suplementopernambuco.com.br/pernambuco/3009-melhores-capas-de-2022.html
1984 (George Orwell)
Editora: Ática
Capa: Amanda Miranda
Comentário: Das inúmeras capas/edições de 1984 lançadas após a obra de George Orwell entrar em domínio público, a capa de Amanda Miranda se destaca por fugir totalmente do conceito usual do “olho que tudo vê”. Além disso, é original o trabalho do título em lettering de metal com pregos, parafusos e corrente, criando unidade com a ilustração.
Pesado (Kiese Laymon)
Editora: TAG Curadoria
Capa: Lebassis
Comentário: Lebassis traz a violência, rebeldia e a juventude num contexto de racismo americano, a partir de tipografia. Inclusive, o PESADO da capa remete à temática do corpo que também é abordada. Achei muito interessante o recorte estético (nas cores e no grunge) do final dos anos 80 e início dos anos 90, adolescência e início da vida adulta do autor/personagem.
Noites brancas (Fiódor Dostoiévski)
Editora: Antofágica
Capa: Giovanna Cianelli (design) e Mateus Acioli (ilustração)
Comentário: Essa capa é um exemplo de quando o literal faz todo o sentido. E o uso do creme casou muito bem com os tons de cinza da ilustração de Mateus Acioli. Achei muito legal também que a disposição tipográfica do título em preto, ao redor do casal, alude a um céu estrelado invertido.
It came from the closet (Joe Valesse (Ed.), Vários autores)
Editora: Feminist Press
Capa: Bráulio Amado
Comentário: A “ressurreição” no cemitério como se “estar dentro do armário” fosse estar vivendo uma vida sem sentido, como um morto-vivo, é uma metáfora que combina perfeitamente com a temática de terror do livro. A imagem da mão saindo da terra, recorrente no repertório de terror (aka Thriller, Hocus pocus, entre outros), com uma camada queer que é a forma “chique” do punho e da mão, como se estivesse mostrando as unhas ou uma jóia, tem mesma energia da capa do álbum de estreia de Kim Petras (Turn off the light) e do emoji mais queer de todos, a mão fazendo as unhas.
Esse cabelo (Djaimilia Pereira de Almeida)
Editora: Todavia
Capa: Luciana Facchini (design) e Jônatas Moreira (arte)
Comentário: Esta capa é muito marcante e de extremo apelo visual. Além da combinação das cores, o que mais chama atenção são os objetos associados ao tema “cabelo” organizados, trazendo um aspecto de mostruário de “o que tem na minha bolsa”, que combinam com a abordagem de identidade e autoficção da obra.